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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Como a comunicação ajuda a alongar relacionamentos, segundo o filósofo Alain de Botton

Como a comunicação ajuda a alongar relacionamentos, segundo o filósofo Alain de Botton

Ana Freitas 02 Set 2016 (atualizado 02/Set 18h58)

Livro 'The Course of Love' do filósofo define o amor como uma habilidade aprendida diante de adversidades e experiência

FOTO: ADAM COHN /CREATIVE COMMONS
'MUITAS DAS NOSSAS IDEIAS DO QUE É O AMOR VÊM DE HISTÓRIAS E ACHO QUE MUITAS VEZES A GENTE ENTENDEU A HISTÓRIA ERRADO', ESCREVE BOTTON EM ROMANCE

Em abril de 2016, o filósofo Alain de Botton lançou o romance “The Course of Love” (“O curso do amor”, sem verão em português), uma ficção em que usa a história de um casal de Edinburgo, na Escócia, para explorar os dilemas do amor nos nossos tempos, os desafios de mantê-lo e como um relacionamento impacta, de maneira geral, nossos ideais de existência.

O romance de Botton é uma quebra do que se espera de um livro sobre um relacionamento, na medida em que não é sobre ser feliz para sempre, mas sobre os obstáculos no caminho. “Muitas das nossas ideias do que é o amor vêm de histórias [...] e eu acho que, de certa forma, muitas vezes a gente entendeu a história errado. São elas que nos tornam perturbados, paranóicos, incomodados com a quantidade de problemas que acabamos tendo em relacionamentos”, disse Botton em uma entrevista à rede americana CBC.

Uma das conclusões do livro é de que o amor é - mais do que fortuna ou casualidade - uma habilidade aprendida diante de adversidades e experiência. E entre esses reflexões, Botton contempla o papel da comunicação no relacionamento.

O filósofo já disse antes que considera a habilidade de comunicar ideias o maior desafio de nossos tempos. Em entrevistas sobre o lançamento e no próprio livro, ele discorre sobre os problemas gerados pelo mito do amorromântico e sobre como a comunicação, embora difícil, é um dos caminhos mais certeiros para contornar os problemas que surgem nos relacionamentos modernos. Veja o que ele diz:
Acordo de loucura mútua
“[...] Acho que o sentimento de que a pessoa com quem você se casou deveria ser perfeita, mas não é, leva a moralismo, raiva, amargor e ódio reprimido. Eu acho que se duas pessoas entram em um relacionamento dizendo ‘Claro que sou um pouco doido. Você também é’, vai existir menos moralismo quando os problemas inevitáveis surgirem. E eu recomendo que casais no primeiro encontro, a primeira coisa que eles deveriam fazer é, em vez de mostrar quão perfeitos são, deveriam quase dizer ‘Olha, eu sou louco desse jeito. Quais são suas loucuras?’”

Em entrevista à rede americana ABC

Manual no casamento como aviso prévio
“Um dos maiores presentes que poderíamos dar é um manual no dia do casamento, chamado Por Que Eu Sou Uma Pessoa Difícil. E claro que poderíamos trocar isso com nossos parceiros, causaria muito menos problema [no futuro] - porque a maior parte do tempo a gente descobre como as pessoas são difíceis no momento em que aquilo nos atinge, e portanto é improvável que sejamos tolerantes ou solidários com o que aconteceu a essa pessoa quando ela tinha três anos e que a tornou difícil. Mas se pudermos receber a informação antes - não queremos que as pessoas sejam perfeitas, mas já que são imperfeitas, ajuda muito se elas estiverem cientes dessas imperfeições e possam explicá-las de uma maneira que não assuste e surpreenda.”

Em entrevista à rede americana ABC

Críticas necessárias
“Há uma ideia muito prejudicial que diz que criticar alguém que você ama significa que você não o ama mais. O lance é que o amor nos dá uma visão de camarote das falhas do outro, então é claro que você vai ver algumas coisas que precisam ser mencionadas. [...] Amor verdadeiro é muitas vezes, na verdade, tentar ensinar o outro a ser a melhor versão de si mesmo. E o parceiro - os dois parceiros deveriam estar educando um ao outro, em uma posição de alternância de aluno e professor. Mas o que geralmente acontece, e é ai que os relacionamentos estragam, é que as duas pessoas ficam tentando ensinar coisas ao outro mas negam a legitimidade de serem ensinados.”

Do livro “The Course Of Love”

O que significa se comunicar bem
“O que faz alguém um bom comunicador é, em essência, uma habilidade de não se abalar pelos aspectos mais problemáticos ou excêntricos de sua própria personalidade. [O bom comunicador] pode contemplar seu ódio, sua sexualidade e suas opiniões impopulares, esquisitas ou fora de moda sem perder confiança ou desabar de nojo de si mesmo. Ele consegue falar claramente porque desenvolveu um senso de valor inestimável de aceitação própria. Gostam de si mesmo o suficiente para acreditar que merecem, e podem, conquistar a boa vontade alheia com o grau certo de paciência e imaginação.”

Do livro “The Course Of Love”

Como criar filhos que sejam bons comunicadores
“Quando crianças, esses bons comunicadores devem ter sido abençoados com cuidadores que sabiam amar suas tarefas sem exigir que todos os detalhes delas fossem perfeitos. Esses pais devem ter sido capazes de viver com a ideia que seus filhos podem às vezes - por um tempo, pelo menos - ser esquisitos, violentos, nervosos, malvados, peculiares ou tristes, e ainda assim merecem um lugar no círculo de amor familiar. Os pais teriam então criado uma fonte de coragem de onde essas crianças poderiam às vezes tirar sustentação para as confissões e conversas francas da vida adulta.”

Do livro “The Course Of Love”

A importância de escutar
“Bons ouvintes são tão raros e importantes quando bons comunicadores. Aqui, também, um grau raro de confiança é a chave - a capacidade de não se abalar ou se esconder diante de uma informação que possa mudar profundamente certas presunções. Bons ouvintes são indiferentes quanto ao caos que os outros podem, às vezes, criar dentro da cabeça; eles já estiveram lá e sabem que tudo pode ser colocado de volta no lugar.”

Do livro “The Course Of Love”

Sobre se incomodar com o que o parceiro diz
“É precisamente quando nada do que nossos parceiros nos fala é capaz de assustar, chocar ou enojar que deveríamos começar a nos preocupar, porque isso deve ser o sinal mais claro que estão mentindo para nós ou nos privando de sua imaginação, seja por gentileza ou por medo de perder nosso amor. Pode significa que fechamos os ouvidos para informações que não entram em conformidade com nossas esperanças - esperanças que serão então ameaçadas ainda mais.”

Do livro “The Course Of Love”
Fonte: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/09/02/Como-a-comunica%C3%A7%C3%A3o-ajuda-a-alongar-relacionamentos-segundo-o-fil%C3%B3sofo-Alain-de-Botton

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