Diminuição do desejo: questão de saúde ou de crise no relacionamento?
AMOR E SEXO 04.11.2016 - 06H00 - ATUALIZADO ÀS 04.11.2016 12H16 | POR MARINA BONINIPsicólogo e ginecologista falam de problema que mais afeta vida sexual das mulheres brasileiras
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A cada 10 pessoas cinco sofrem de alguma disfunção sexual (Foto: Thinkstock)
A queda do apetite sexual é uma reclamação que o psicólogo especialista em sexualidade Marlon Mattedi está acostumado a ouvir de seus pacientes. Segundo ele, mais de 50% da população brasileira sofre de alguma disfunção sexual e a maioria está ligada à diminuição da libido. "A cada 10 pessoas cinco sofrem de alguma disfunção sexual. Dentro destes problemas no sexo, o que mais ouvimos, sobretudo das mulheres, é a falta de desejo”, conta.
Mas o que estaria gerando essa redução da libido? Muitas pessoas se perguntam se o problema é físico, psicológico ou se denota uma crise no casamento, mas nem sempre a resposta é tão simples. “Normalmente não existe apenas um motivo, mas sim um conjunto de fatores. Quando físicos podem estar ligados à depressão, desequilíbrios hormonais, uso de medicamentos para hipertensão e diabetes”, explica a ginecologista Mariana Maldonado.
Apesar das questões físicas serem sempre consideradas em uma avaliação, Mattedi afirma que na maioria dos casos o problema advém de fatores emocionais. "Embora se tenha as causas físicas para a diminuição do desejo sexual, como diabetes, anemia, alterações hormonais, uso de drogas, e outros fatores, a maioria das causas ainda são emocionais e psicológicas, por exemplo, stress diário, excesso de atividades, sobrecarga de trabalho, excesso de rotina, discussões entre o casal e até traumas vividos durante a vida. De tudo que influencia a perda ou diminuição do desejo por sexo, as causas psicológicas são, sem dúvida alguma, as maiores causas.”
A sobrecarga de trabalho das mulheres, que costumam ter uma dupla jornada, seria uma explicação para elas sentirem mais a falta de libido que os homens. "De cada 10 mulheres que chegam na clínica para tratar qualquer problema no sexo, umas seis relatam a ausência de desejo sexual. Como alguém que trabalha o dia intensamente, que estuda, tem que cuidar de filhos e ainda das coisas da casa, vivendo a rotina do dia a dia, chega cansada, vai chegar a noite e ter desejo para transar? Isso derruba qualquer vontade”, questiona o psicólogo.
CRISE
A redução do desejo sexual ou a quantidade de relações sexuais do casal nem sempre indicam crise no relacionamento. "Sexo saudável são se mede por quantidade. O casal pode ter uma taxa mais baixa de frequência sexual, quando comparada com a de outros casais, mas de ótima qualidade, harmônico e feliz. A harmonia e a felicidade não são medidas pelo numero de transas semanais.Outros aspectos da relação acabam sendo muito mais importantes. Tem casais que podem estar em total sintonia e permanecer juntos mesmo sem sexo. Enfim, isso vai depender exclusivamente do que as partes sentem. Se ambos estão felizes dentro do que escolheram é o que importa!”, diz a ginecologista.Para Mattedi a diminuição do apetite sexual é normal com o passar do tempo na vida a dois. "Aquilo que era novidade depois de um tempo deixa de ser e frequentemente os casais se esquecem de se cuidar, de se agradar e de se provocar. Conhecer seus desejos e do outro, compartilhar as conquistas, dividir as tarefas de casa, não sobrecarregando nem um nem outro, e mais fazendo da companhia um prazer em estar junto, é fundamental para a manutenção do desejo pelo sexo”, sugere Mattedi, que reforça que o relacionamento fora da cama é importante para uma vida sexual saudável.
"Ir ao cinema, comer pipoca na escadaria da igreja, passar horas sentado na praça, ficar na praia sem hora para ir para casa ou qualquer outra coisa que o casal fazia na época do namoro pode ajudar. Para ter prazer na cama é preciso ter prazer fora da cama primeiro."
Mas quando essa disfunção indica uma crise no relacionamento? "Se você tem desejos por outras pessoas, mas não tem o desejo com a pessoa que está no relacionamento de casal, é bem provável que o problema esteja no relacionamento”, responde Mattedi.
TRATAMENTO
Por esse problema ter uma origem que pode ser tão ampla, a ginecologista Maldonado destaca a importância de se procurar ajuda especializada para tratar a falta de desejo sexual. "O tratamento depende muito da causa, daí a importância de um diagnóstico correto feito pelo especialista. O primeiro passo para o tratamento é o casal reconhecer que está passando por um problema e que pode ter solução, desde que corretamente diagnosticado. Também tem que entender que nesse tipo de situação, a falta ou diminuição do desejo sexual não é originado exclusivamente de problemas pessoais da pessoa que sofre, e que o parceiro pode contribuir para solucionar ou agravar ainda mais o problema.”O psicólogo endossa a importância do casal se unir para buscar ajuda especializada, sem deixar esse tratamento só para quem sofre dele tratá-lo. “Sempre que problemas de diminuição do desejo por sexo aparecer, o casal deve conversar sobre o que estão percebendo, que o sexo já não está como era, e que o desejo diminuiu. Se o próprio casal não conseguir identificar, deve buscar ajuda profissional. A terapia sexual, com psicólogos especialistas em sexualidade, serve exatamente para isto, para melhorar a saúde sexual. Agora você já pode fazer até consultas online pelo Skype e solucionar seu problema sexual sem sair da sua própria casa. Quer algo mais prático que isto? O importante é buscar ajuda”, destaca ele.
Fonte: http://revistamarieclaire.globo.com/Amor-e-Sexo/noticia/2016/11/diminuicao-do-desejo-questao-de-saude-ou-de-crise-no-relacionamento.html
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