· Luz da Serra
Quando pensamos em traição, logo a vinculamos a relacionamentos conjugais. Entretanto não podemos considerar que só neste tipo de relação ela acontece. Às vezes ela acontece entre pais e filhos; entre chefe e empregado; entre amigos; entre irmãos...
Alguns dos fatores conhecidos e que levam uma pessoa a trair são: questões culturais, carências, insatisfação em relação a desejos e expectativas conjugais, vingança, busca pelo novo, estímulo provocado pela sensação de perigo, ou mesmo de poder.
Normalmente compreendemos que traição é o mesmo que ser infiel, que enganar. Ou seja, há uma intenção em cometer um erro. Por isso, a ideia de posse existe em quase todas as relações estáveis e as cobranças de fidelidade são consideradas normais, principalmente em nossa sociedade.
O fato é que podemos interpretar a sua causa de outra forma: quando caímos na rotina, quando deixamos de trabalhar em nossos projetos, os quais são algo que realmente nos dá entusiasmo e força de superação, “precisamos” passar pela traição. É uma forma de ver que estamos “nos traindo”, ou melhor, descumprindo os compromissos assumidos.
Como as pessoas nos servem de espelho para refletir o que há de errado ou de positivo em nós, precisamos então de um sinal para ver, neste caso, que a traição não está na infidelidade do outro, mas na falta de foco em nós mesmos e em nossos projetos.
Também podemos associar o ato de trair com o de afastar. Pois a traição nos faz ter repúdio da pessoa ou da situação. Aos poucos, nos distanciamos devido à decepção que sentimos, nos “vitimizamos”, sofremos e não compreendemos porque isto aconteceu ou acontece frequentemente conosco.
Porém, por que precisamos atrair ou aproximar tal situação? Para saber o quão distantes estamos do que é essencial para nossa felicidade. Se um amigo nos trai, por exemplo, precisamos entender que ele é uma ferramenta para nos mostrar o quanto estamos deixando de honrar nossos compromissos. Por isso, o foco não está nele que cometeu o ato, mas em nós que estamos nos desleixando.
Sendo assim, podemos refletir que “trair” nos afasta de algo importante, enquanto que “atrair” nos aproxima das nossas vontades. Por isso, ao invés de focar no lado negativo, podemos focar no lado positivo, pensando: o que quero atrair para mim?
Todavia, a dificuldade de realizar o que queremos requer mudança de hábitos, sair do comodismo e agir. E a traição acaba se tornando uma fuga para não transformar nada, para ficar tudo igual. Uma grande armadilha que não ajuda, só atrapalha nossas vidas, além de trazer sofrimento.
Para mudar esta realidade a dica é inventar algo novo ou retornar a um projeto antigo inacabado. Às vezes, precisamos encerrar um ciclo para iniciar um novo ou investir em algo diferente.
Lembro-me de uma pessoa que atendi no consultório e que estava vivendo um processo de traição com relação à filha. Ele a criara quando era criança porque a mãe os abandonou, depois ela cresceu, a mãe voltou e ela se afastou do pai. Depois disso vieram mais e mais situações onde ela o traia. Durante nossas conversas na terapia, descobrimos que ele tinha um projeto de escrever um livro sobre plantas, um trabalho magnífico que ele faz até hoje. Fiquei encantada ao ouvi-lo falar do assunto. Diante disso, compreendemos que a filha era um veículo que o tirava deste foco. E mais, descobrimos que havia mais situações e pessoas que o desviavam daquilo que era para ser realizado. Para completar, o mais incrível foi perceber que conforme íamos falando do assunto, a história do livro se desenrolava e ele compreendia que estava perdendo tempo querendo resolver uma situação, quando tinha algo muito mais importante para aquele momento. Para finalizar, intuitivamente ele entendeu que quando trabalhasse em seu projeto a situação se resolveria na hora certa, no tempo certo.
Por isso, se você vive situações complicadas e que envolvem traição, avalie o quanto está precisando trabalhar em prol daquilo que já poderia estar no mundo. Lembre-se, nossa missão é muito mais do que ajudar quem nos rodeia. Estamos no mundo para cumprir um papel importante e não podemos nos esconder atrás de amigos e familiares, tentando resolver apenas problemas deles ou com eles.
Exemplo disso são os Grandes Mestres da Humanidade, como Jesus. Eles não pensavam se era para fazer algo para ajudar a humanidade ou não, eles apenas faziam.
E você acha que sua missão é diferente? Que não pode ser como eles? Esteja certo de que se não for nesta vida, nas próximas você terá que assumir este compromisso de ajudar nosso planeta e as pessoas a serem melhores. Então, que tal começar fazendo pelo menos um pouquinho? Comece pensando naquilo que você pode deixar em termos de mensagens para o mundo. Não vai querer passar essa sua tarefa para os seus filhos, não é mesmo? Comece, então, dando o exemplo.
Por Cátia Bazzan – Autora do livro Ame Quem Você é – Proprietária do Espaço do Céu: Centro de Terapia Holística.
Fale com Cátia: catia@catiabazzan.com.br
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