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sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Por que você não precisa ter vergonha do cheiro da sua vagina

Por que você não precisa ter vergonha do cheiro da sua vagina

Sabonete íntimo, desodorante vaginal, gel perfumado, lenço umedecido, protetor diário de calcinha e até perfume. O que não faltam nas prateleiras das farmácias são opções de produtos que prometem “uma vagina limpinha e cheirosa”. A prova de que o órgão sexual feminino, assim como o seu odor característico, ainda é tabu. E isso precisa acabar, fazem coro as especialistas.

Daniela Carasco-Do UOL, em São Paulo 11/08/2017 04h00
Getty Images


A médica da família e comunidade Aline de Souza Oliveira, que atende no Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, em São Paulo, usa a experiência pessoal para chamar atenção para o assunto. Em sua primeira visita ao ginecologista, quando ainda era virgem, ouviu que seu corrimento era falta de higiene. “Foi tão dramático para mim, sofri por anos depois de ouvir aquilo. Socialmente, a mulher limpinha é aquela que toma conta da sua própria vagina e mantém seu odor sempre agradável.”

Fato é que, se todas as secreções do corpo têm cheiro, com a vagina não seria diferente. “Dá pra afirmar que ele é levemente ácido, como o ph da região, e muda de acordo com a alimentação e o ciclo menstrual de cada mulher. Natural, sutil e nada desagradável”, esclarece a ginecologista e obstetra Bruna Wunderlich, que condena o uso de qualquer produto que o mascare.

Em seu consultório, o que não falta é queixa sobre o assunto. “As pacientes mais cismadas são aquelas que ouviram, desde a primeira menstruação, que o sangramento é nojento e sujo. Precisa estar sempre escondido e abafado. Um segundo grupo é formado por aquelas que têm parceiros que reclamam na hora do sexo. Já ouvi de meninas jovens que o namorado só transa depois que ela se lava.”

E esses casos não são raros. Uma pesquisa realizada pela empresa Sex Wipes, em 2014, com 1.252 homens heterossexuais e sexualmente ativos de São Paulo revelou que 43% deles não fazem sexo oral nas parceiras. Entre as justificativas para a repulsa, domina o desagrado com o cheiro e aparência da genitália feminina.

“Sem dúvida, é um aspecto que aprisiona sexualmente as mulheres”, afirma Aline. A bailarina Eliana*, 29, atesta a tese. “Até os 26, não topei receber sexo oral, porque achava o cheiro da minha vagina terrível. Fui ao médico várias vezes e tudo estava sempre normal. Não tinha nada errado com a minha saúde.”

Para Palmira Margarida, historiadora e especialista em odores femininos, além do desconhecimento sobre o próprio corpo, “existe uma concepção equivocada de que cheiroso é tudo aquilo que se parece com baunilha e flor, por exemplo”. Nosso olfato foi treinado a achar fragrâncias sintéticas agradáveis.
Cuidado com a higiene exagerada

No consultório de Bruna, uma outra questão chama atenção: a obsessão pela limpeza. “Tenho pacientes com infecções vaginais causadas pelo excesso de banho. Elas chegam a se lavar seis vezes ao dia, tamanho incômodo”, conta. A lavagem frequente com produtos adstringentes provoca uma retirada mecânica das bactérias da flora vaginal, que têm como única função promover o equilíbrio saudável contra infecções.

O ideal, segundo a especialista, é escolher apenas um banho do dia para lavar as partes íntimas com um sabonete líquido e neutro. O produto deve se restringir à virilha e aos grandes lábios. Na mucosa interna, limite-se à água corrente. “Nada de recorrer às duchas vaginais. A vagina é autolimpante”, explica. A mesma recomendação vale para os lenços umedecidos. “Caso ela esteja com alguma infecção, o recomendado é lavar as mãos com o sabonete neutro e retirar a secreção interna com os dedos.”

Atenção redobrada também à roupa íntima. Prefira sempre as de algodão, que evitam o acúmulo de suor na região, que é naturalmente úmida e abafada. Na hora de lavar, use só sabão de coco -- sem amaciante -- e enxágue duplo. Pigmentos depositados nas peças por produtos de limpeza podem causar irritação e desequilibrar o ph vaginal.
E o tal "cheiro de bacalhau"?

Camuflar o cheiro natural tem ainda outro fator agravante, o de não reconhecer qualquer sinal de infecção que se mostra através da mudança de odor. Toda vulva libera muco, também conhecido como corrimento. Em geral, a quantidade varia de mulher para mulher e são considerados normais aqueles transparentes -- amarelo ou esbranquiçado -- e sem odor intenso. Qualquer alteração de cor ou cheiro precisa ser avaliada por um especialista.

O diagnóstico mais frequente é de vaginose. Trata-se de uma infecção causada pela bactéria Gardnerella vaginalis, que gera corrimento acinzentado e leitoso, além do tal cheiro de peixe podre. “A comparação tem sentido, pois é o mesmo composto químico liberado pelo bacalhau”, explica Palmira. A contaminação se dá, em muitos casos, na relação sexual.

“O esperma alcalino, quando depositado na vagina ácida, desequilibra a flora vaginal, abrindo espaço para as bactérias”, explica a ginecologista Ana Katherine da Silveira Gonçalves, da comissão de doenças infecto-contagiosas da Frebasgo.

Já a famosa candidíase é uma infecção causada pelo crescimento excessivo do fungo Cândida, que normalmente se dá na baixa imunidade.

Para evitá-las, Ana Katherine orienta a dormir sem calcinha, evitar os protetores diários, pegar leve na limpeza extrema e passar longe das peças íntimas muito justas. “Deixe sua vagina respirar”, diz. E, claro, faça as pazes com seu cheiro.

*O nome foi trocado a pedido da entrevistada

Fonte: UOL


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