Diário de um divorciado louco

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quinta-feira, 29 de junho de 2017

Zumbis emocionais à procura de relacionamento

Zumbis emocionais à procura de relacionamento

Relacionamentos saudáveis são inspiradores!

Babi Vanzella
Josh Calabrese

Acada dia aumenta minha admiração por casais fodas que são parceiros pra caralho na vida e ao mesmo tempo são dois seres humanos independentes, com consciência sobre si mesmos e que sabem viver um sem o outro, embora tenham escolhido uma vida a dois. Relacionamentos saudáveis são inspiradores! E qualquer um sente de longe quando está diante de um casal saudável: eles costumam exalar uma energia boa, contêm liberdade e deixam espaço para o ar circular. Não existe aquela dependência doentia e constante do outro. Eles sabem-se. Confiam. Vivem suas vidas juntos e também separados.

Na outra ponta, é cada vez mais “fora de moda” gente que não sabe nem quem é fora de um relacionamento. Que não sabe o que fazer consigo mesma se não for em função de outra pessoa. Que não sabe do que gosta e sai sonâmbula de um relacionamento em direção a outro como se aquilo fosse uma droga de que precisa para viver. Ou uma gincana. Gente que se sujeita. Estamos em 2017. Isso precisa significar alguma coisa, não?

E falo com conhecimento de causa. Já fui uma dessas pessoas que acreditava que a vida ia acabar sem o meu namorado, que achava que não havia vida sem namorado, aliás. Não via cores nas minhas coisas, as cores todas eram pintadas por outra pessoa. Eu precisava dessa pessoa para achar os dias bonitos, para ver graça nas músicas, para querer ir aos lugares, para levantar todo dia de manhã, para querer ser boa na faculdade (!), para ter algum motivo para esperar pelo final de semana. Eu não precisava de amigos, eu só precisava do meu namorado e dos amigos do meu namorado, que acreditava serem os meus.

É óbvio que uma história assim terminou sem final feliz. Dependências geralmente costumam terminar de formas tristes. O namoro acabou e junto eu morri. Morri mesmo, fui enterrada e passei uns três anos mortinha da Silva até a ressurreição.

Jamais achei que houvesse vida após a morte. Mas há. Havia. Houve. E quando eu finalmente senti os primeiros raios de sol batendo no rosto durante meu renascimento, decidi que, daí em diante, eu iria é cuidar da minha vida! Assim mesmo. Tive o click de perceber que terceirizar a minha felicidade e as minhas conquistas não era um bom plano. Tinha sido um fracasso. Era efêmero. Um grande castelo de areia sempre prestes a desmoronar. Eu queria bases sólidas. E, para isso, o primeiro passo era aprender a ser feliz sozinha.

A partir disso mergulhei de cabeça em mim mesma e precisei encarar de frente as minhas sombras. Negras e assustadoras, elas estavam todas ali, e não havia ninguém para ascender a luz. Ninguém para mascarar os meus conflitos e carências. Ninguém em quem despejar os meus detritos emocionais. Era eu comigo mesma, parceiro. Fiz terapia por muitos anos, estudei espiritismo por mais anos, estudei astrologia, dei palhinha no budismo, pratiquei meditação, reick, me (re)conectei com a natureza, aprendi sobre cosmos e energia e sincronicidade. Parei para descobrir do que eu gostava, quem eu era. Passei a ouvir o que eu sentia e aprendi a gostar da minha companhia. Não é que eu era sucesso?

Nesse caminho sofri preconceito, ouvi piadinha escrota de namorado machista de amiga submissa. Encarei festa de família, incompreensão, gente antiquada, ideias retrógradas, papinho-náuseas de que iria ficar para titia (que ano é hoje mesmo?). Tive paciência. Perdi a paciência. Me afastei de muitas pessoas e me aproximei de outras. Muitas vezes me senti sozinha. Muitas vezes precisei respirar fundo e lembrar que era comigo e não com os outros que eu precisava me importar. Era a mim que eu devia satisfação, e não a uma legião de pessoas anestesiadas, presas a relacionamentos de merda que tinham a impressionante cara de pau de apontar o dedo na minha direção. Como se a louca fosse eu. Foco: era eu que precisava estar bem. Eu tinha uma vida inteira pra aprender a colorir, afinal!

E assim fui aprendendo a lidar comigo mesma e com o mundo. Fui me tornando a metade da minha laranja. Fui entendendo que sou maravilhosa e aceitando que mereço só coisas e pessoas maravilhosas, portanto. Aprendi que posso tudo, sozinha ou acompanhada. Aprendi que coitado é quem aponta o dedo pra vida do outro sem antes limpar a sujeira que esconde embaixo do tapete de casa. Aprendi a não me importar com as opiniões e até mesmo a sentir compaixão, muitas vezes, por quem chega a mim com críticas que deixam transparecer o quão inconsciente a pessoa ainda é. Liguei o foda-se com muita categoria. Porque quando a gente está bem por dentro, bem com a gente mesmo, bem de verdade, a gente tá pouco se lixando para “o que os outros vão pensar” e abandona essa função de sair catando qualquer pessoa em aplicativo de relacionamento simplesmente para ter uma companhia para mostrar à sociedade (!?), para estar com alguém porque é isso que todo mundo faz. Simplesmente porque a gente está carente. A gente deixa de precisar de uma metade porque se descobre inteiro!

Isso não impede que chegue alguém por aqui e me faça querer abrir espaço no guarda-roupas. Apenas significa que, se isso acontecer, esse outro vai encontrar uma pessoa completa, que se ama e sabe viver muito bem sem um relacionamento, e não um zumbi em busca de migalhas emocionais de terceiros para suprir suas próprias dores de existência. E então seremos um casal foda!

Eis a grande diferença: relacionamentos não podem ser fuga para carência.A nossa carência quem deve curar é a gente mesmo! Ou não haverá cura, mas maquiagem. Pular de galho em galho nos faz perder um tempo precioso que poderia estar sendo investido na melhora e na evolução da gente mesmo, no nosso autoconhecimento. É triste não conseguir enxergar com os próprios olhos o tanto de cor que existe na vida.

Não sou modelo de nada nem dona de verdade alguma. Sou apenas uma garota comum que acha pessoas inteiras interessantíssimas — e que vê nas metades um baita desperdício de potencial.
Thanks to Redação TRENDR.
Fonte: https://trendr.com.br/zumbis-emocionais-a-procura-de-relacionamento-4911fae5c68f

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