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terça-feira, 4 de abril de 2017

Especial Separação: como contar às crianças

Especial Separação: como contar às crianças

Não é possível evitar o sofrimento dos filhos – afinal, a notícia é triste mesmo. Mas com respeito e diálogo, dá para mostrar que não será o fim do mundo e que vocês continuam formando uma família

Por Naíma Saleh - atualizada em 03/04/2017 16h05
Separação: como contar aos filhos? (Foto: Thinkstock)

Em 10 anos, a taxa de divórcio no Brasil cresceu 160%, de acordo com os últimos dados do 'Estatísticas do Registro Civil” de 2015, ano em que foram registrados 328.960 desquites no país. É claro que ninguém casa (ou, pelo menos, não deveria se casar) esperando que um dia o relacionamento acabe, mas, às vezes, o fim é inevitável e pode se tornar um alívio, tanto para o ex-casal quanto para as crianças. É um recomeço para todos.

Isso, é claro, não torna o processo menos doloroso. Decidir terminar uma relação nunca é simples. E quando há filhos no meio, é preciso ter ainda mais cuidado e delicadeza na hora de colocar um ponto final. Veja o que é preciso ponderar antes de comunicar a separação às crianças e quais são as melhores maneiras de contar.

A decisão

É fato que todo casal tem problemas, mas, independentemente do tipo – e da gravidade – da situação, o primeiro conselho da psicóloga Marina Vasconcellos, terapeuta familiar e de casal pela UNIFESP, é procurar ajuda profissional antes de bater o martelo. “Tem casais que chegam ao consultório quase decididos, mas voltam atrás, porque na terapia conseguem consertar o que não estava indo bem no casamento”, explica.

Isso diminui as chances de tomar uma decisão e voltar atrás depois – o que pode tornar o processo mais difícil e causar um sofrimento desnecessário tanto aos filhos, como aos pais.

Como contar

Uma vez que decisão está tomada, é melhor avisar às crianças o quanto antes – mesmo porque, dificilmente, elas não vão perceber que algo está acontecendo. Vá direto ao ponto, mas com delicadeza. “O ideal é que os pais contem juntos, com calma, tranquilidade e respeito”, recomenda Marina. Frases como “Nós não nos amamos mais” ou “a gente se respeita, mas não existe mais amor de casal” ajudam a deixar claro que os papéis de pai e mãe vão continuar intactos mesmo com a dissolução do casamento.

Ainda que o clima entre os pais seja de paz e que eles tenham chegado a um acordo, é natural, nesse momento de angústia, tentar garantir que a criança venha para perto si. “Inconsicientemente, cada pessoa quer puxar o filho para perto porque tem medo de vê-lo menos, de se afastar na nova configuração”, explica a psicóloga Miriam Barros, psicoterapeuta de crianças, adolescentes, casais e famílias. O resultado é que, na hora de conversar com as crianças, a escolha dos termos e da forma de falar pode, sutilmente, insinuar que a culpa pelo fim é de um dos dois ou que um lado está muito magoado. Por isso, é melhor que o ex-casal converse muito entre si antes, para combinar o que e como falar para as crianças.

É claro que nos casos em que existe um rancor muito grande e uma das partes está com raiva (ou ambos estão), fica muito difícil comunicar essa decisão conjuntamente. Mesmo assim, poupe as crianças dos detalhes – elas não precisam saber se houve uma traição, quem desapontou quem ou se houve qualquer situação que causou a ruptura definitiva.

No entanto, se a criança já viu o pai ou mãe com outra pessoa, por exemplo, ou presenciou alguma situação que precisa ser explicada, é provável que ela surja com esses questionamentos. Nesse caso, é melhor falar a verdade de uma forma não ofensiva. “É importante não tentar distorcer a percepção da criança, senão, ela vai ficar muito confusa. Mas conte sem julgamento e crítica; não dê um peso a isso”, recomenda Miriam. Sim, sabemos que é difícil porque pais e mães também são humanos. Mas, lembre-se que, por mais bravos que os ex-cônjuges estejam um com o outro, nada justifica falar mal do ex para os filhos ou ficar jogando a culpa no outro.

Abra espaço e converse

É comum que as crianças menores se perguntem o que foi que elas fizeram para causar esse tipo de situação. Elas podem achar que o pai ou a mãe está saindo de casa por conta de um mau comportamento delas, de algo que elas disseram e não deveriam ter dito, ou alguma decepção que tenham causado. “As crianças têm muitas fantasias. Quanto menores, mais egocentradas. Elas se acham culpadas por um monte de coisas, pois são muito autorreferentes”, explica Marina. Por isso, deixe claro que a escolha do casal não tem nada a ver com as crianças, que é uma decisão de adultos e que não vai interferir no amor que os dois sentem pelo filho. Também reforce o lado positivo da situação. Explique que a criança vai ter duas casas, dois quartos, deixando claro que o espaço dela está garantido na vida de cada um.

Também não adianta propor uma ida ao cinema ou a qualquer lugar que seu filho goste de ir para tentar agradá-lo e depois soltar a bomba. A criança pode se sentir enganada. Além disso, é uma situação muito particular para ser conversada em locais públicos. O melhor lugar é em casa, no ambiente privado, para que a criança possa chorar, ficar mal, falar o que tiver vontade.

Males para bem

Quando a situação entre o casal é muito ruim, a notícia pode até trazer certo alívio, porque os filhos não gostam de ver os pais brigando e se ofendendo. “Em muitos casos, são perdas que vão resultar, mais tarde, em um ganho de saúde emocional tanto para o ex-casal quanto para a criança. Se cada um puder ter uma vida mais tranquila e se a criança não presenciar um modelo de relação com brigas, é um fato positivo para a sáude mental de todos”, reflete Miriam.

É inevitável, porém, que as crianças fiquem tristes. “Elas têm o direito de reagir e se expressar. É preciso acolher, conversar”, diz Marina. É bacana também citar exemplos de outras famílias com pais separados que o filho conhece e que se dão bem. Mas dê tempo ao seu filho de processar e espaço para que ele possa se manifestar.

O que tem que ficar claro para as crianças é que, mesmo que os pais não formem mais um casal, nenhum deles vai perder o contato com elas, ambos farão de tudo para estar presentes e os filhos poderão contar com eles sempre. Afinal, casamento acaba. Família, não.

Evite dizer...

“Quando eu tiver um namorado, ninguém vai tomar o lugar do seu pai”. A criança não precisa se preocupar com a possibilidade de uma nova presença na família nesse momento. Mesmo que um dos pais – ou os dois – já estejam em novos relacionamentos, não é a hora de contar. Deixe a criança assimilar uma coisa de cada vez.

“Vamos nos separar porque seu pai/sua mãe é (insira aqui qualquer ofensa)”. É preciso manter o respeito ao se dirigir e se referir ao ex-parceiro, mesmo que ele não esteja presente.
Pode ser bom dizer:


“Mamãe/papai ainda vai ficar triste, talvez fique mais quietinha, mas vai passar. Você também pode ficar triste, não tem problema”. Lidar com a situação de forma equilibrada não quer dizer esconder os sentimentos. Abra espaço para você e seu filho poderem lidar com essas emoções.

“Amamos você e seremos sempre os seus pais acima de tudo”. Separe os papéis de casal e de pais, dando segurança para seu filho que um não vai interferir no outro.

Fonte: http://revistacrescer.globo.com/Familia/Sexo-e-Relacionamento/noticia/2017/04/especial-separacao-como-contar-criancas.html

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